Bula do Fumarato de Tenofovir Desoproxila+Lamivudina produzido pelo laboratorio Fundação Oswaldo Cruz
para o Profissional com todas as informações sobre este medicamento
Fumarato de tenofovir desoproxila +
lamivudina
Fundação Oswaldo Cruz / Instituto de Tecnologia em Fármacos
(Farmanguinhos)
Comprimidos revestidos
300 mg + 300 mg
I - IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
Nome genérico: fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina
APRESENTAÇÃO
Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina é apresentado em frascos com 30 comprimidos
revestidos contendo 300 mg de fumarato de tenofovir desoproxila e 300 mg de lamivudina para
administração oral.
USO ORAL
USO ADULTO
COMPOSIÇÃO
Cada comprimido revestido contém:
Lamivudina............................................................................................................. 300 mg
Fumarato de tenofovir desoproxila......................................................................... 300 mg
(equivalente a 245 mg de tenofovir desoproxila)
Excipientes (Croscarmelose sódica, Amido pré-gelatinizado, Lactose monohidrata, Celulose
microcristalina, Amidoglicolato de sódio, Dióxido de silício, Estearato de magnésio, Opadry
clear YS-1-7006 (Hidroxipropilmetilcelulose + polietilenoglicol) e Dióxido de titânio.
II - INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina em combinação com outros agentes
antirretrovirais é indicado para o tratamento de infecção por HIV-1 em adultos.
Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina é terapia de escolha para pacientes sem
tratamento para AIDS e tuberculose, que deve ser iniciada em até oito semanas após o paciente
iniciar o tratamento para tuberculose. Em pacientes que já tiveram tratamento prévio, o uso de
fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina deve ser orientado por exames laboratoriais e
pelo histórico de tratamento. Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina é um comprimido
que possui uma associação em dose fixa da combinação de lamivudina e fumarato de tenofovir
desoproxila. Ambos os componentes agem pela inibição da enzima transcriptase reversa.
Os seguintes fatores devem ser considerados ao iniciar uma terapia com fumarato de tenofovir
desoproxila + lamivudina para o tratamento de infecção por HIV-1:
Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina não deve ser utilizado em combinação com
outros medicamentos que contenham lamivudina ou fumarato de tenofovir desoproxila. Não se
recomenda utilizar fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina como componente de um
programa de administração com três nucleosídeos. Em razão das semelhanças entre entricitabina
e lamivudina, fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina também não deve ser
coadministrado com produtos que contenham entricitabina. A lamivudina e a zalcitabina podem
inibir a fosforilação intracelular uma da outra. Portanto, o uso de lamivudina em combinação
com zalcitabina não é recomendado.
A importância da combinação de fármacos no tratamento da AIDS tem sido muito estudada
desde 1996, sendo que a combinação de dois ou mais compostos pode ser de extremo benefício
para o paciente. Estes fármacos agem em diferentes locais de ação, diminuindo a dose
individual de cada um deles, já que agem em sinergia, apresentando, portanto, menos eventos
adversos, além de diminuir o desenvolvimento de possível resistência ao fármaco. (1)
Para controlar a infecção pelo HIV e a replicação viral no sistema imune e, consequentemente, a
progressão da enfermidade, é necessário que a terapia antirretroviral consiga uma supressão
viral máxima, com carga viral indetectável no plasma (viremia plasmática). Dessa forma, o
regime terapêutico deve ser suficientemente potente para conseguir após 6 meses de início da
terapia uma viremia plasmática indetectável, menor que 400 cópias/mL ou menos que 50
cópias/mL (utilizando técnicas laboratoriais mais avançadas). Conseguindo manter a supressão
viral, ocorre a restauração do sistema imune. (2)
A eleição do tratamento em pacientes com HIV que nunca tenham recebido nenhuma
intervenção é um dos momentos mais importantes para conseguir controlar a progressão da
AIDS, já que neste momento inicial o tratamento possui uma eficácia maior. (3)
Em uma metanálise publicada, 7 estudos clínicos com adultos portadores de HIV, que nunca
tinham recebido tratamento, foram avaliados. Foram incluídos nestes estudos um total de 3807
pacientes e apesar dos estudos se diferenciarem nos critérios de inclusão, os autores concluíram
que a associação tenofovir com lamivudina foi a combinação que proporcionou melhores
resultados. (3)
A associação lamivudina e tenofovir é ativa contra o vírus do HIV e HBV, não sendo indicada
em pacientes sem indicação de terapias antiretrovirais, devido ao risco do desenvolvimento de
resistência precoce ao HIV. Estudos utilizando os dois fármacos têm demonstrado uma
importante queda na carga viral sérica, normalização das transaminases e melhora histológica.
(4)
Em um estudo, para avaliar a eficácia desta associação, 21 pacientes co-infectados com HIV-
HBV foram randomizados e receberam 300 mg de tenofovir ou 300 mg de lamivudina ou a
associação lamivudina + tenofovir. O monitoramento dos pacientes foi realizado por 56 dias,
sendo que todos os tratamentos foram efetivos em diminuir a replicação do HBV. O benefício
da utilização da associação lamivudina e tenofovir é a diminuição do desenvolvimento da
resistência viral. (5)
Em outro estudo, vinte pacientes co-infectados com vírus HIV e HBV, que já estavam
recebendo lamivudina há 108 semanas, receberam 245 mg de tenofovir como parte de sua
terapia antirretroviral, por 52 semanas, onde a HBV DNA polimerase foi monitorada para
observar se não havia mutação viral associada à resistência de lamivudina. Uma diminuição
significante foi observada na replicação viral do HBV e nos níveis de alanina aminotransferase.
Tanto a lamivudina como o tenofovir foram bem tolerados. Desta forma, a utilização de
tenofovir em adição a terapia antiviral, pode ser benéfica para diminuição da replicação do vírus
HBV em pacientes com HIV, além de não provocar mutações virais resistentes. (6)
A associação de lamivudina + tenofovir é a terapia de escolha para pacientes virgens de
tratamento com AIDS e tuberculose, que deve ser iniciada em até oito semanas após o paciente
iniciar o tratamento para tuberculose. Para pacientes com infecção concomitante por HIV e
HBV, a associação lamivudina (300mg) e tenofovir (300mg) também é tratamento de escolha.
(7)
Tanto a lamivudina (150mg duas vezes ao dia ou 300mg uma vez ao dia) como o tenofovir (300
mg uma vez ao dia) são fármacos aprovados para o tratamento de pacientes com infecção por
HIV em combinação com outros agentes atiretrovirais. (8)
(1)CLERCQ E.D. Anti-HIV drugs: 25 compounds approved within 25 years after the Discovery
of HIV. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 33, p. 307-320, 2009.
(2)LLAVE et al.; Capítulo 32 – Principios generales del tratamiento antirretroviral, p. 385-402.
Disponível em http://saei.org/hemero/libros/c32.pdf. Acesso em 06/11/2011
(3)PASCUET E. R.& CURRAN A. Papel actual de tenofovir em la clínica. Enferm. Infecc.
Microbiol. Clin., v.26 (supl.8), p. 45-54, 2008.
(4)FERREIRA M. S.; FOCACCIA R.; SANTOS E. B.; PAVAN M. H. P. Co-infecção HIV-
VHB. BJID, v. 10 (Supl.1), p. 67-71, 2006.
(5)LEWIN et al.; Viral dynamics of hepatitis B virus (HBV) DNA in HIV-1-HBV coinfected
individuals; similar effectiveness of lamivudine, tenofovir or combination therapy. Hepatology,
v. 49(4), p. 1113-1121, 2009.
(6)NELSON et al. An open-label study of tenofovir in HIV-1 and hepatitis B virus co-infected
individuals. AIDS, v. 17, p. 7-10, 2003
(7)WHO – World Health Organization, Antiretroviral therapy for HIV infection in adults and
adolescents. Recommendations for a public health approach, 156 pg. 2010.
(8)FAUCI et al, Harrison Medicina Interna, Capítulo 182 – Doença causada pelo vírus da
imunodeficiência humana: AIDS e distúrbios relacionados. Editora McGrawHill, 17° edição,
2008.
Farmacodinâmica
Tenofovir: O fumarato de tenofovir desoproxila é um diéster fosfonato do nucleosídeo acíclico
análogo da adenosina monofosfato. O fumarato de tenofovir desoproxila requer uma hidrólise
inicial do diéster para conversão para tenofovir e subsequentes fosforilações por enzimas
celulares para formar tenofovir difosfato – metabólito ativo. O tenofovir difosfato inibe a
atividade da transcriptase reversa do HIV-1 competindo com o substrato natural,
desoxiadenosina 5'-trifosfato e, após a incorporação no DNA, causa a terminação da cadeia do
DNA. O tenofovir difosfato é um fraco inibidor das polimerases alfa e beta do DNA mamífero e
da polimerase gama do DNA mitocondrial.
Atividade antiviral: Avaliou-se a atividade antiviral do tenofovir contra diversas cepas de HIV-1
em linhagens celulares linfoblastóides, em monócitos/macrófagos primários e em linfócitos do
sangue periférico. A CE50 (concentração efetiva 50%) do tenofovir situou-se no intervalo de
0,04 µM e 8,5 µM. Em estudos de associação farmacológica do tenofovir com inibidores
nucleosídeos da transcriptase reversa (abacavir, didanosina, lamivudina, estavudina, zalcitabina,
zidovudina), inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa (delavirdina, efavirenz,
nevirapina), e inibidores da protease (amprenavir, indinavir, nelfinavir, ritonavir, saquinavir),
observaram-se efeitos aditivos e sinérgicos. O tenofovir demonstrou atividade antiviral em
cultura de células contra os subtipos A, B, C, D, E, F, G, e O do HIV-1 (com valores de CE50
variando de 0,5 µM a 2,2 µM) e atividade específica contra cepas de HIV-2 (valores de CE50
variaram de 1,6 µM a 5,5 µM).
Lamivudina: A lamivudina é um análogo de nucleosídeo sintético. Em nível intracelular, a
lamivudina é fosforilada ao seu metabólito ativo 5'-trifosfato, trifosfato de lamivudina (3TC-TP)
que apresenta uma meia vida intracelular de 16-19 horas. O principal mecanismo de ação do
3TC-TP é a inibição da transcriptase reversa (RT) através da terminação da cadeia de DNA após
a incorporação do análogo de nucleotídeo. A lamivudina 5-trifosfato é um fraco inibidor das
polimerases alfa e beta do DNA mamífero e da polimerase gama do DNA mitocondrial e
também um fraco inibidor das atividades dependentes do RNA e do DNA da transcriptase
reversa do HIV, com principal mecanismo de ação sendo o término da cadeia de transcriptase
reversa do HIV. Foi demonstrado que a lamivudina atua de modo aditivo ou sinérgico com
outros agentes anti-HIV.
A lamivudina não interfere no metabolismo dos desoxinucleotídeos celulares e exerce pouco
efeito sobre o conteúdo de DNA das mitocôndrias e células de mamíferos.
In vitro, a lamivudina demonstra baixa citotoxicidade em linfócitos do sangue periférico,
linhagens celulares estabelecidas de linfócitos e monócitos macrófagos e em uma variedade de
células-mãe medulares. Por conseguinte, a lamivudina possui, in vitro, um alto índice
terapêutico.
A resistência do HIV-1 à lamivudina envolve o desenvolvimento de uma alteração no
aminoácido M184V próximo ao sítio ativo da transcriptase reversa (TR) viral. Esta variante
surge tanto in vitro quanto em pacientes infectados pelo HIV-1 tratados com terapia
antirretroviral contendo lamivudina. O mutante M184V apresenta suscetibilidade altamente
reduzida à lamivudina e capacidade de replicação viral diminuída in vitro. Estudos in vitro
indicam que os isolados virais resistentes à zidovudina podem tornar-se sensíveis a este fármaco
quando simultaneamente adquirem resistência à lamivudina. A relevância clínica de tais
descobertas ainda não está bem definida.
Farmacocinética
Tenofovir
Após a administração oral em jejum de uma dose única de 300 mg de tenofovir a pacientes
infectados com HIV-1, as concentrações séricas máximas do componente são alcançadas em 1,0
± 0,4 hora. A ligação in vitro de tenofovir a proteínas plasmáticas humanas é <0,7% e não
depende da concentração em um intervalo de 0,01-25 µg/mL. Aproximadamente 70-80% da
dose intravenosa de tenofovir são recuperados inalterados na urina. Tenofovir é eliminado por
uma combinação de filtração glomerular e secreção tubular ativa. Após uma dose oral única de
tenofovir, a meia-vida de eliminação terminal de tenofovir é de aproximadamente 17 horas.
Absorção: O fumarato de tenofovir desoproxila é uma pró-droga diéster, hidrossolúvel, do
composto ativo tenofovir. A biodisponibilidade oral em jejum do tenofovir é de
aproximadamente 25%. Após a administração oral em jejum de uma dose única de 300 mg a
pacientes infectados com HIV-1, as concentrações plasmáticas máximas (Cmax) são atingidas
em 1,0 ± 0,4 horas. Os valores da Cmax e da AUC são de 0,30 ± 0,09 μg/mL e 2,29 ± 0,69
μg·hr/mL, respectivamente.
A farmacocinética do tenofovir é proporcional à dose administrada, não sendo afetada pela
administração repetida.
Efeitos dos alimentos na absorção oral: A administração de tenofovir após uma refeição
hipercalórica (~700 a 1.000 kcal, contendo 40% a 50% de gorduras) aumenta a
biodisponibilidade oral, com uma elevação da AUC0-infinito do tenofovir de aproximadamente
40% e da Cmax de aproximadamente 14%. Entretanto, a administração de tenofovir com uma
refeição leve não teve um efeito significante na farmacocinética da droga quando comparada
com a administração da droga em jejum. Os alimentos retardam em cerca de 1 hora o tempo até
atingir a Cmax do fármaco. Os valores da Cmax e da AUC do tenofovir são de 0,33 ± 0,12
μg/mL e 3,32 ± 1,37 μg·hr/mL, após a múltipla administração pós-prandial de tenofovir 300 mg
uma vez ao dia, quando o conteúdo da refeição não foi controlado.
Distribuição: In vitro, a ligação do tenofovir às proteínas séricas ou plasmáticas humanas foi
inferior a 0,7 e 7,2%, respectivamente, no intervalo de concentração de 0,01 a 25 µg/mL. O
volume de distribuição no estado de equilíbrio é de 1,3 ± 0,6l/kg e 1,2 ± 0,4l/kg, após a
administração endovenosa de 1,0 mg/kg e 3,0 mg/kg de tenofovir, respectivamente.
Metabolismo e eliminação: Estudos in vitro indicam que nem o tenofovir desoproxila nem o
tenofovir são substratos para as enzimas do sistema CYP.
Após a administração IV de tenofovir, cerca de 70%-80% da dose são recuperados na urina
como tenofovir inalterado no período de 72 horas. Após a administração oral da dose única de
tenofovir, a meia vida de eliminação final do tenofovir é de aproximadamente 17 horas. Após a
administração oral múltipla (pós-prandial) de tenofovir 300 mg uma vez ao dia, 32 ± 10% da
dose administrada são recuperados na urina no período de 24 horas.
O tenofovir é excretado essencialmente pelo rim, por filtração glomerular e secreção tubular
ativa. Outros compostos que também são eliminados pelos rins podem competir com o tenofovir
pela eliminação.
Lamivudina
Após a administração oral, a lamivudina é rapidamente absorvida e extensamente distribuída.
Após administração oral de doses múltiplas de lamivudina 300 mg uma vez ao dia durante 7
dias a 60 voluntários saudáveis, a Cmax em estado de equilíbrio (Cmax,ss) era 2,04 ± 0,54 mcg/mL
(± DP médio) e a AUC após 24 horas em estado de equilíbrio (AUC24,ss) era 8,87 ± 1,83
mcg•h/mL. A ligação à proteína plasmática é baixa. Aproximadamente 70% de uma dose
intravenosa de lamivudina são recuperados inalterados na urina. O metabolismo da lamivudina é
uma via de eliminação menor. Em seres humanos, o único metabólito conhecido é o metabólito
trans-sulfoxida (aproximadamente 5% de uma dose oral após 12 horas).
Absorção: A lamivudina é bem absorvida a nível gastrintestinal e a biodisponibilidade da droga
por via oral em adultos situa-se normalmente entre 80 e 85%. Após administração oral, o tempo
médio (Tmax
) para atingir a concentração sérica máxima (Cmax
) é de cerca de 1 hora. Em doses
terapêuticas, isto é, 4 mg/kg/dia (em 2 doses, com intervalo de 12 horas), a Cmax
é da ordem de
1-1,9 mcg/mL. Não há necessidade de nenhum ajuste da dose quando a lamivudina é
administrada junto com alimentos, visto não haver alteração da sua biodisponibilidade (baseada
na AUC), mesmo tendo sido observado um atraso do Tmax
e redução da Cmax
(redução de até
47%). A administração com uma refeição rica em gordura, em um estudo de biodisponibilidade
de dose única, não produziu alteração na AUCúlt, AUC e Cmax para lamivudina.
Distribuição: A partir de estudos com o medicamento por via intravenosa, foi constatado ser o
volume médio de distribuição de 1,3l/kg e a meia-vida terminal média de eliminação de 5 a 7
horas. A lamivudina exibe farmacocinética linear na faixa de doses terapêuticas e caracteriza-se
por sua baixa ligação à principal proteína plasmática, a albumina. Dados limitados
demonstraram que a lamivudina penetra no sistema nervoso central e atinge o líquido
cefalorraquidiano (LCR). A relação média entre a concentração de lamivudina no LCR e no
soro dentro de 2 a 4 horas após a administração oral foi de cerca de 0,12. Desconhece-se o
verdadeiro grau de penetração ou a relação com qualquer eficácia clínica.
Metabolismo e eliminação: O clearance sistêmico médio da lamivudina é de aproximadamente
0,32l/h/kg, com clearance predominantemente renal (> 70%) através de secreção tubular ativa
(sistema de transporte catiônico orgânico), porém com pouco metabolismo hepático (< 10%). A
molécula ativa, lamivudina trifosfato intracelular, possui uma meia vida prolongada na célula
(16 a 19 horas), comparada à meia vida da lamivudina plasmática (5 a 7 horas). Em 60
voluntários adultos sadios, 300mg de lamivudina administrado uma vez ao dia demonstrou ser
farmacocineticamente equivalente, no estado de equilíbrio, a 150mg administrado duas vezes ao
dia, em relação à AUC24
e à Cmax
do trifosfato intracelular.
A probabilidade de interação medicamentosa adversa entre a lamivudina e outros produtos
medicinais é baixa devido ao seu metabolismo, à limitada ligação às proteínas plasmáticas e à
eliminação quase total da droga por via renal na sua forma inalterada.
Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina é contraindicado para pacientes com
hipersensibilidade conhecida a qualquer um dos seus componentes.
Não há contraindicação relativa a faixas etárias, no entanto a segurança e eficácia de
fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina em pacientes abaixo de 18 anos de idade
não foram estabelecidas.
Acidose lática/hepatomegalia grave com esteatose: Foram relatados casos, inclusive fatais, de
acidose lática e hepatomegalia grave com o uso de análogos de nucleosídeo isoladamente ou em
combinação com outros antirretrovirais. A maioria desses casos foi com mulheres. A obesidade
e a exposição prolongada ao nucleosídeo podem ser fatores de risco. Cuidados devem ser
tomados ao se administrar análogos de nucleosídeo a qualquer paciente com fatores de risco
conhecidos para doença hepática; porém, também foram relatados casos em pacientes sem
fatores de risco conhecidos. O tratamento com fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina
deve ser suspenso em qualquer paciente que desenvolver sinais clínicos ou laboratoriais de
acidose lática ou hepatotoxicidade evidente (que pode incluir hepatomegalia com esteatose
mesmo na ausência de elevações acentuadas de transaminase).
Pacientes com coinfecção por HIV-1 e vírus da hepatite B: Recomenda-se que todos os
pacientes com HIV sejam testados quanto à presença do vírus da hepatite B (VHB) antes de
iniciar a terapia antirretroviral. Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina não é indicado
para o tratamento de infecção crônica por VHB e a segurança e a eficácia de lamivudina +
fumarato de tenofovir desoproxila não foram estabelecidas em pacientes coinfectados com VHB
e HIV. Devido ao risco de desenvolvimento de resistência ao HIV-1, fumarato de tenofovir
desoproxila + lamivudina somente deve ser usado em pacientes coinfectados com HIV-1 e VHB
como parte de um programa de combinação antirretroviral adequado. Foram relatadas
exacerbações agudas graves da hepatite B nos pacientes após a interrupção de lamivudina ou
fumarato de tenofovir desoproxila. A função hepática deve ser atentamente monitorada com
acompanhamento clínico e laboratorial por pelo menos vários meses em pacientes coinfectados
com HIV e VHB os quais interromperem a administração de fumarato de tenofovir desoproxila
+ lamivudina. Se for adequado, pode-se justificar a retomada da terapia anti-hepatite B.
Exacerbações da hepatite pós-tratamento: Em ensaios clínicos com pacientes não infectados
com HIV-1 tratados com lamivudina para hepatite B crônica, foram observadas evidências
clínicas e laboratoriais de exacerbações da hepatite após a interrupção da lamivudina. Estas
exacerbações foram detectadas essencialmente pelas elevações de ALT sérica, além do
ressurgimento do DNA do VHB. Embora a maior parte dos eventos pareçam ser autolimitados,
em alguns casos foram relatados óbitos. Foram relatados eventos semelhantes a partir da
experiência pós-comercialização após alterações nos programas de tratamento contra HIV
contendo lamivudina em relação aos programas que não continham lamivudina em pacientes
infectados com HIV e VHB. A relação causal com a interrupção do tratamento com lamivudina
é desconhecida. Os pacientes devem ser atentamente monitorados com acompanhamento clínico
e laboratorial por ao menos vários meses após a interrupção do tratamento. Não há evidências
suficientes que determine se o recomeço da administração de lamivudina altera o curso das
exacerbações pós-tratamento da hepatite.
Uso com programas à base de interferon e ribavirina: Estudos in vitro mostraram que a
ribavirina pode reduzir a fosforilação de análogos de nucleosídeo de pirimidina, tais como a
lamivudina, componente presente em fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina. Embora
não tenha sido observada qualquer evidência de interação farmacocinética ou farmacodinâmica
(ou seja, perda de supressão virológica do HIV/VHC) quando ribavirina foi coadministrada com
lamivudina em pacientes coinfectados com HIV-1/VHC, ocorreu descompensação hepática (às
vezes fatal) em pacientes coinfectados com HIV/VHC que receberam terapia antirretroviral de
combinação para HIV e interferon alfa com ou sem ribavirina. Os pacientes que receberam
interferon alfa com ou sem ribavirina e fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina devem
ser atentamente monitorados quanto a toxicidades associadas ao tratamento, especialmente
descompensação hepática. A descontinuação do tratamento com fumarato de tenofovir
desoproxila + lamivudina deve ser considerada como clinicamente adequada. Também devem
ser consideradas redução de dose ou a interrupção do interferon alfa, ribavirina ou ambos se for
observada piora das toxicidades clínicas, inclusive descompensação hepática (ou seja, Childs
Pugh >6).
Reincidência ou piora de insuficiência renal: O tenofovir é eliminado principalmente pelos rins.
Houve o relato de insuficiência renal, inclusive casos de insuficiência renal aguda e síndrome de
Fanconi (dano tubular renal com hipofosfatemia grave), em associação com o uso de fumarato
de tenofovir desoproxila. Recomenda-se calcular a depuração de creatinina em todos os
pacientes antes do início da terapia e conforme considerado clinicamente adequado durante a
terapia com fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina. Deve-se fazer o monitoramento de
rotina da depuração de creatinina calculada e do fósforo sérico nos pacientes com risco de
insuficiência renal.
Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina deve ser evitado com uso recente ou
concomitante de um agente nefrotóxico.
Reduções na Densidade Mineral Óssea: O monitoramento da densidade mineral óssea deve ser
considerado para pacientes infectados com HIV-1 com histórico de fratura óssea patológica ou
com risco de osteopenia. Embora o efeito da suplementação com cálcio e vitamina D não tenha
sido estudado, essa suplementação pode ser benéfica para todos os pacientes. Se houver suspeita
de anomalias ósseas, deve-se obter a consulta apropriada. Nos pacientes infectados com HIV
tratados com tenofovir no Estudo 903 até 144 semanas, foram observadas reduções na
densidade mineral óssea (DMO) a partir do período basal na espinha lombar e no quadril em
ambos os grupos de tratamento. Na 144ª semana, havia uma redução percentual média
significativamente superior a partir do período basal na DMO na espinha lombar nos pacientes
que receberam fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina + efavirenz em comparação com
aqueles que receberam estavudina + lamivudina + efavirenz. As alterações na DMO no quadril
foram semelhantes nos dois grupos de tratamento. Em ambos os grupos, a maior parte da
redução na densidade mineral óssea ocorreu nas primeiras 24-48 semanas do estudo, e esta
redução foi mantida ao longo das 144 semanas. Comparando-se os pacientes tratados com
fumarato de tenofovir desoproxila e os pacientes do grupo comparador, 28% e 21%,
respectivamente, perderam pelo menos 5% da DMO da espinha ou 7% da densidade mineral
óssea do quadril. Foram relatadas fraturas clinicamente relevantes (excluindo dedos dos pés e
das mãos) em quatro pacientes no grupo do fumarato de tenofovir desoproxila e seis no grupo
comparador. Fumarato de tenofovir desoproxila foi associado a aumentos significativos nos
marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo (fosfatase alcalina sérica específica dos ossos,
osteocalcina sérica, C-telopeptídio sérico e N-telopeptídio urinário), sugerindo aumento da
renovação óssea. Os níveis séricos do hormônio da paratireoide e de vitamina D 1, 25 também
foram maiores nos pacientes que receberam fumarato de tenofovir desoproxila. Não são
conhecidos os efeitos das alterações associadas ao fumarato de tenofovir desoproxila sobre a
densidade mineral óssea e dos marcadores bioquímicos sobre a saúde óssea de longo prazo e
risco de fratura futura. Foram relatados casos de osteomalacia (associada à tubulopatia renal
proximal) em associação com o uso de fumarato de tenofovir desoproxila
Redistribuição de gordura: Nos pacientes que receberam terapia antirretroviral, foram relatados
casos de redistribuição/acúmulo de gordura corporal, incluindo obesidade central, acúmulo de
gordura na região dorsocervical (corcova de búfalo), definhamento periférico, definhamento
facial, intumescência dos seios e aparência de paciente com síndrome de Cushing. O mecanismo
e as consequências de longo prazo destes eventos são atualmente desconhecidos. A relação
causal não foi estabelecida.
Síndrome da reconstituição imunológica: Foi relatada síndrome da reconstituição imunológica
em pacientes tratados com terapia antirretroviral de combinação, incluindo lamivudina e
tenofovir. Durante a fase inicial do tratamento antirretroviral de combinação, os pacientes, cujo
sistema imunológico responda ao tratamento, podem desenvolver uma resposta inflamatória a
infecções oportunistas residuais ou indolentes (tais como infecção por Mycobacterium avium,
citomegalovírus, pneumonia por Pneumocystis jirovecii (PCP) ou tuberculose), o que pode
requerer futura avaliação e tratamento.
Falha virológica precoce: Estudos clínicos em pacientes infectados com HIV demonstraram que
determinadas terapias que contêm somente três inibidores da transcriptase reversa análogos de
nucleosídeo (NRTIs) em geral são menos eficazes do que terapias com três fármacos contendo
dois NRTIs em combinação com um inibidor da transcriptase reversa não análogo de
nucleosídeo ou um inibidor da protease do HIV-1. Em particular, houve relatos de uma alta taxa
de falha virológica e de surgimento de resistência em estágio inicial em pacientes com HIV
quando o fumarato de tenofovir desoproxila foi combinado com lamivudina e abacavir bem
como com lamivudina e didanosina em terapia de administração uma vez ao dia.
Coadministração com Produtos Relacionados: Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina
é um comprimido em dose fixa da combinação de lamivudina e fumarato de tenofovir
desoproxila. Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina não deve ser coadministrado com
outros medicamentos que contenham lamivudina ou fumarato de tenofovir desoproxila. Em
razão das semelhanças entre entricitabina e lamivudina, fumarato de tenofovir desoproxila +
lamivudina também não deve ser coadministrado com produtos que contenham entricitabina.
Gravidez
Tenofovir: Foram feitos estudos de reprodução em ratos e coelhos em dose até 14 e 19 vezes a
dose humana com base em comparações da área da superfície corporal. Tais estudos não
revelaram qualquer evidência de comprometimento da fertilidade ou dano ao feto causado pelo
tenofovir. No entanto, não há estudos adequados e bem controlados em mulheres grávidas.
Categoria de risco B: Os estudos em animais não demonstraram risco fetal, mas também não há
estudos controlados em mulheres grávidas; ou então, os estudos em animais revelaram riscos,
mas que não foram confirmados em estudos controlados em mulheres grávidas.
Lamivudina: A farmacocinética de lamivudina em gestantes foi semelhante à obtida após o
parto e em mulheres adultas não gestantes. As concentrações de lamivudina foram em geral
semelhantes em amostras séricas do cordão umbilical, maternas e neonatais. Em um subgrupo
de pacientes que forneceram amostras de líquido amniótico após a ruptura natural das
membranas, as concentrações de lamivudina no líquido amniótico variaram de 1,2 a 2,5
mcg/mL (150 mg duas vezes ao dia) e 2,1 a 5,2 mcg/mL (300 mg duas vezes ao dia) e foram em
geral mais que duas vezes maior que os níveis séricos maternos.
Categoria de risco C: Não foram realizados estudos em animais e nem em mulheres grávidas; ou
então, os estudos em animais revelaram risco, mas não existem estudos disponíveis realizados
em mulheres grávidas.
Pelo fato de estudos de reprodução animal nem sempre serem preditivos da resposta humana,
fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina deve ser utilizado durante a gravidez somente
se for claramente necessário.
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.
Lactação
Recomenda-se que as mulheres infectadas com HIV-1-não amamentem para evitar a possível
transmissão pós-natal do HIV-1. Estudos em ratos demonstraram que tenofovir e lamivudina
são secretados no leite. Não se sabe se tenofovir é excretado no leite humano. A lamivudina é
excretada no leite humano. Devido ao potencial de transmissão de HIV e o potencial para
reações adversas sérias em lactentes, as mães devem ser orientadas a não amamentar se
estiverem recebendo fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina.
Uso pediátrico
Não foram estabelecidas a segurança e eficácia em pacientes pediátricos menores de 18 anos.
Idosos
Não há dados farmacocinéticos em pacientes com mais de 65 anos de idade.
Insuficiência Hepática - Tenofovir
A farmacocinética do tenofovir após dose única de 300 mg foi estudada em pacientes não HIV
com insuficiência hepática de moderada a grave. Não houve alteração substancial na
farmacocinética do tenofovir em pacientes com insuficiência hepática comparado com pacientes
normais. Não houve necessidade de alteração da dose tenofovir nos pacientes com insuficiência
hepática.
Insuficiência Renal - Tenofovir
A farmacocinética do tenofovir é alterada em pacientes com insuficiência renal. Em pacientes
com clearance de creatinina <50 mL/min ou com doença renal terminal que requer diálise, a
Cmax e a AUC 0-infinito do tenofovir foram aumentadas. Recomenda-se que o intervalo de
doses do tenofovir seja modificado em pacientes com clearance de creatinina <50 mL/min ou
em pacientes com doença renal terminal que requerem diálise.
Insuficiência Hepática - Lamivudina
Os dados obtidos em pacientes com insuficiência hepática moderada a grave demonstram que a
farmacocinética da lamivudina não é afetada de maneira significativa pelo comprometimento
hepático.
Insuficiência Renal - Lamivudina.
Em pacientes com insuficiência renal, a concentração plasmática de lamivudina (área sob a
curva- AUC) é aumentada devido à diminuição do clearance. A dosagem de lamivudina deverá
ser reduzida para os pacientes com clearance da creatinina <50 mL/minuto.
Assim fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina não é recomendado para uso em
pacientes com depuração de creatinina <50 mL/min.
Não foram realizados estudos de interação medicamentosa usando fumarato de tenofovir
desoproxila + lamivudina. Foram realizados estudos de interação medicamentosa com
lamivudina e fumarato de tenofovir desoproxila, os componentes do fumarato de tenofovir
desoproxila + lamivudina.
Tenofovir/Didanosina
A administração concomitante de fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina e didanosina
deve ser feita com cautela e os pacientes que receberem esta combinação devem ser
monitorados atentamente quanto a reações adversas associadas à didanosina. A administração
de didanosina deve ser interrompida em pacientes que desenvolverem reações adversas
associadas ao componente.
Quando o fumarato de tenofovir desoproxila foi administrado com didanosina, a Cmax e a AUC
da didanosina administrada, seja na forma de revestimento entérico ou tamponada, aumentou
significativamente. O mecanismo desta interação é desconhecido. Concentrações mais elevadas
de didanosina podem potenciar reações adversas associadas à didanosina, inclusive pancreatite e
neuropatia. Observou-se a supressão da contagem de células CD4+
em pacientes que receberam
fumarato de tenofovir desoproxila com didanosina 400 mg todos os dias.
Em adultos com peso corporal >60 kg, a dose de didanosina deve ser reduzida para 250 mg
quando administrada concomitantemente com fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina.
Não há dados disponíveis que recomendem um ajuste de dose de didanosina para pacientes com
peso corporal <60 kg. Quando coadministrado, fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina
e didanosina cápsula de revestimento entérico devem ser tomados com o paciente em jejum ou
após uma refeição leve (<400 kcal, 20% de gordura). A coadministração de didanosina em
formulação comprimido tamponado com fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina deve
ser feita com o paciente em jejum.
Tenofovir/Atazanavir
O atazanavir demonstrou aumentar as concentrações de tenofovir. O mecanismo desta interação
é desconhecido. Os pacientes que receberem atazanavir e fumarato de tenofovir desoproxila +
lamivudina devem ser monitorados quanto a reações adversas associadas ao tenofovir. A
administração de fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina deve ser interrompida em
pacientes que desenvolverem reações adversas associadas ao tenofovir.
Tenofovir reduz a AUC e Cmin de atazanavir. Quando coadministrado com fumarato de
tenofovir desoproxila + lamivudina, recomenda-se que atazanavir 300 mg seja administrado
com ritonavir 100 mg. Atazanavir sem ritonavir não deve ser coadministrado com fumarato de
tenofovir desoproxila + lamivudina.
Tenofovir x Lopinavir/Ritonavir
Lopinavir/ritonavir demonstraram aumentar as concentrações de tenofovir. O mecanismo desta
interação é desconhecido. Os pacientes que receberem lopinavir/ritonavir e fumarato de
tenofovir desoproxila + lamivudina devem ser monitorados quanto a reações adversas
associadas ao tenofovir. A administração de fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina
deve ser interrompida em pacientes que desenvolverem reações adversas associadas ao
tenofovir.
Tenofovir/ Drogas que afetam a função renal
Como o tenofovir é essencialmente eliminado pelos rins, a coadministração de fumarato de
tenofovir desoproxila + lamivudina com medicamentos que reduzem a função renal ou
competem pela secreção tubular ativa pode aumentar as concentrações séricas de tenofovir e/ou
aumentar as concentrações de outros fármacos eliminados pelos rins. Alguns exemplos incluem,
entre outros, o cidofovir, aciclovir, valaciclovir, ganciclovir e valganciclovir. Os medicamentos
que diminuem a função renal podem aumentar as concentrações de lamivudina e/ou tenofovir.
Lamivudina:
A lamivudina é eliminada predominantemente na urina por secreção catiônica orgânica ativa.
Deve-se considerar a possibilidade de interações com outros medicamentos administrados
concomitantemente, particularmente quando sua principal via de eliminação for secreção renal
ativa através do sistema de transporte catiônico orgânico (por exemplo, trimetoprima).
Trimetoprima 160 mg e sulfametoxazol 800 mg (TMP/SMX) uma vez ao dia demonstraram
aumentar a exposição de lamivudina (AUC) em 43%. Não se recomenda qualquer alteração na
dose de nenhum dos componentes. Não há informações referentes ao efeito sobre a
farmacocinética de lamivudina em doses maiores de TMP/SMX, como as usadas para tratar
pneumonia por Pneumocystis jirovecii. Não há dados disponíveis referentes a interações com
outros fármacos que tenham mecanismos de depuração renal semelhantes aos da lamivudina.
A lamivudina e a zalcitabina podem inibir a fosforilação intracelular uma da outra. Portanto, o
uso de lamivudina em combinação com zalcitabina não é recomendado.
Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina deve ser conservado em temperatura ambiente
(entre 15 e 30°C), protegido da luz e umidade.
Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem.
Não use medicamento com prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem
original.
Fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina é um comprimido revestido de cor branca a
quase branca, oblongo e liso, sem odor característico.
Antes de usar, observe o aspecto do medicamento.
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças.
A dose de fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina é de um comprimido uma vez ao dia,
por via oral, com ou sem alimento.
Não é necessário ajuste de dose para pacientes com problemas renais cuja depuração de
creatinina seja ≥50 mL/min. Nestes casos deve-se realizar o monitoramento de rotina da
depuração de creatinina calculada e fósforo sérico para estes pacientes. Já para pacientes com
depuração de creatinina <50 mL/min, fumarato de tenofovir desoproxila + lamivudina não
poderá ser prescrito por ser um comprimido de dose fixa, não sendo possível ajustar a dose.
A farmacocinética de tenofovir não foi avaliada em pacientes que não precisam de hemodiálise
com depuração de creatinina <10 mL/min; portanto, não há recomendação de dose disponível
para estes pacientes.
Este medicamento não deve ser partido ou mastigado.
As seguintes reações adversas são apresentadas em outras seções do folheto informativo:
Acidose láctica/hepatomegalia grave com esteatose (Vide Advertências e Precauções)
Exacerbações da hepatite pós-tratamento (Vide Advertências e Precauções)
Reincidência ou piora de insuficiência renal (Vide Advertências e Precauções)
Reduções na Densidade Mineral Óssea (Vide Advertências e Precauções)
Síndrome da reconstituição imunológica (Vide Advertências e Precauções)
Tenofovir + Lamivudina
Estudo 903 - reações adversas decorrentes do tratamento:
Em um estudo controlado comparativo duplo-cego (Estudo 903) em que 600 pacientes sem
tratamento prévio receberam tenofovir (N=299) ou estavudina (N=301) em combinação com
lamivudina e efavirenz por 144 semanas, as reações adversas mais comuns foram vertigem e
eventos gastrointestinais leves a moderados.
Reações adversas leves (Grau 1) foram comuns, com uma incidência semelhante em ambos os
grupos de tratamento e incluíram vertigem, diarreia e náusea. Algumas reações adversas
moderadas a graves decorrentes do tratamento estão resumidas na Tabela 1.
Tabela 1. Reações adversas específicas decorrentes do tratamentoa
(Graus 2-4) relatadas em
≥5% em qualquer grupo de tratamento no Estudo 903 (0-144 semanas)
TDF + 3TC + EFV d4T + 3TC + EFV
N=299 N=301
Corpo como um Todo
Cefaleia
Dor
Febre
Dor abdominal
Dorsalgia
Astenia
14%
13%
8%
7%
9%
6%
17%
12%
Sistema digestivo
Diarreia 11% 13%
Náusea
Dispepsia
Vômito
4%
5%
Distúrbios metabólicos
Lipodistrofiab 1% 8%
Musculoesquelético
Artralgia
Mialgia
3%
Sistema nervoso
Depressão
Insônia
Vertigem
Neuropatia periféricac
Ansiedade
11%
1%
10%
Respiratórios
Pneumonia 5% 5%
Pele e apêndices
Erupção cutânead 18% 12%
a. As frequências de reações adversas baseiam-se em todos os eventos adversos decorrentes
do tratamento, independentemente da relação com o medicamento em estudo.
b. Lipodistrofia representa uma variedade de eventos adversos descritos pelo pesquisador,
não uma síndrome definida em protocolo.
c. Neuropatia periférica inclui neurite periférica e neuropatia.
d. Erupção cutânea inclui também prurido, urticária, exantemas maculopapular,
vesicobolhoso e pustular.
Anomalias laboratoriais:
Com exceção das elevações de colesterol em jejum e triglicérides em jejum comuns no grupo
que recebeu estavudina (40% e 9%), em comparação com tenofovir (19% e 1%),
respectivamente, as anormalidades laboratoriais observadas no Estudo 903 ocorreram com
frequência semelhante nos grupos de tratamento do tenofovir e estavudina. A Tabela 2 apresenta
um resumo das anormalidades laboratoriais de Graus 3 e 4.
Tabela 2. Anormalidades laboratoriais de graus 3–4 relatadas em ≥1% dos pacientes tratados
com tenofovir no Estudo 903 (0–144 semanas)
Qualquer anormalidade
laboratorial grau ≥ 3
36% 42%
Colesterol em jejum
(>240 mg/dL)
19% 40%
Creatina quinase
(M: >990 U/L)
(F: >845 U/L)
12% 12%
Amilase sérica
(>175 U/L)
9% 8%
AST
(M: >180 U/L)
(F: >170 U/L)
5% 7%
ALT
(M: >215 U/L)
4% 5%
Hematúria
(>100 RBC/HPF)
7% 7%
Neutrófilos (<750/mm3
) 3% 1%
Triglicérides em jejum
(>750 mg/dL)
1% 9%
Experiência pós-comercialização
Além dos eventos adversos relatados a partir de estudos clínicos, os seguintes eventos foram
identificados durante o uso pós-aprovação do fumarato de tenofovir desoproxila e lamivudina
em outros países. Por serem relatados voluntariamente a partir de uma população de tamanho
desconhecido, não é possível fazer estimativas de frequência. Estes eventos foram escolhidos
para inclusão devido à combinação de sua gravidade, frequência de relato ou possível relação
causal com fumarato de tenofovir desoproxila e lamivudina.
Tenofovir:
Distúrbios do sistema imunológico: reação alérgica.
Distúrbios do metabolismo e da nutrição: hipofosfatemia, acidose lática, hipocaliemia.
Distúrbios respiratórios, torácicos e mediastinais: dispneia.
Distúrbios gastrointestinais: dor abdominal, pancreatite, aumento da amilase.
Distúrbios renais e urinários: comprometimento ou insuficiência renal, insuficiência renal
aguda, síndrome de Fanconi, tubulopatia proximal, proteinúria, creatinina elevada, necrose
tubular aguda, diabetes insipidus nefrogênico, poliúria, nefrite intersticial (inclusive casos
agudos).
Distúrbios hepatobiliares: esteatose hepática, hepatite, elevação das enzimas hepáticas
(geralmente AST, ALT, gama GT).
Distúrbios de tecido cutâneo e subcutâneo: erupção cutânea.
Distúrbios musculoesqueléticos e do tecido conjuntivo: rabdomiólise, osteomalacia
(manifestada como ostealgia e que possa contribuir para fraturas), fraqueza muscular, miopatia.
Distúrbios gerais e condições no local de administração: astenia.
Lamivudina:
Corpo como um todo: redistribuição/acúmulo de gordura corporal.
Digestivo: estomatite.
Endócrino e metabólico: hiperglicemia.
Geral: fraqueza.
Hemático e linfático: anemia (inclusive aplasia pura de série vermelha e anemias graves que
progridem com terapia), linfadenopatia, esplenomegalia.
Hepático e pancreático: acidose lática e esteatose hepática, pancreatite, exacerbação pós-
tratamento da hepatite B (consulte Advertências e Precauções).
Hipersensibilidade: anafilaxia, urticária.
Musculoesquelético: fraqueza muscular, elevação da CPK, rabdomiólise.
Pele: alopecia, exantema, prurido.
Atenção: este produto é um medicamento que possui uma nova associação no país e,
embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado
e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos.
Nesse caso, notifique os eventos adversos pelo Sistema de Notificações em Vigilância
Sanitária - NOTIVISA, disponível em
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm, ou para a Vigilância Sanitária
Estadual ou Municipal.