Bula do Simeticona produzido pelo laboratorio Medquimica Indústria Farmacêutica S.a
para o Profissional com todas as informações sobre este medicamento
simeticona
“Medicamento genérico lei nº 9787, de 1999"
MEDQUÍMICA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA S.A.
Comprimido 40 mg
Emulsão oral 75 mg/mL
Comprimido
emulsão oral (gotas)
I- IDENTIFICAÇÃO DO MEDICAMENTO
Nome Genérico:
Formas Farmacêuticas e Apresentações:
Comprimidos de 40 mg em embalagem com 20 comprimidos.
VIA ORAL
USO ADULTO
Emulsão oral (gotas) 75 mg/mL em frasco contendo 15 mL.
Emulsão oral (gotas) 75mg/mL em embalagem hospitalar contendo 100 frascos com 15 mL
USO ADULTO E PEDIÁTRICO
Composição:
Comprimido:
Cada comprimido contém 40 mg de simeticona.
Excipientes: celulose microcristalina, fosfato de cálcio dibásico di-hidratado, maltose, amido, povidona,
estearato de magnésio, dióxido de silício e croscarmelose sódica.
Solução Oral:
Cada mL contém 75 mg de simeticona.
Veículos: sacarina sódica di-hidratada, goma xantana, propilparabeno, metilparabeno, propilenoglicol,
corante vermelho 40, aroma de cereja, água purificada, monoestearato de polietilenoglicol, monoestearato
de glicerol e ácido sórbico.
II- INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Simeticona está indicado para o alívio dos sintomas no caso de excesso de gases no aparelho
gastrintestinal constituindo incômodo, motivo de dores ou cólicas intestinais1
, tais como:
- Meteorismo1
- Eructação1
- Borborigmos1
- Aerofagia pós-cirúrgica1
- Distensão abdominal1
- Flatulência1
Sabendo que os gases no trato digestivo atrapalham os exames abdominais de imagem e a simeticona
facilita a eliminação dos gases, simeticona pode ser usado na preparação do paciente a ser submetido à
endoscopia digestiva e / ou colonoscopia.
1
CID R14 – Flatulência e afecções correlatas (distensão abdominal (gasosa), dor de gases, eructação,
hipertimpanismo (abdominal/intestinal) e meteorismo).
Treze ensaios controlados randomizados metodologicamente adequados avaliaram a eficácia da
simeticona no tratamento de sintomas relacionados ao acúmulo de gases no trato gastrintestinal,
distúrbios gastrintestinais funcionais, cólica infantil e no preparo de pacientes para a realização de exames
de imagem de órgãos abdominais (endoscopia e colonoscopia), além de uma metanálise avaliando seus
efeitos no tratamento da cólica infantil.
No grupo de pacientes adultos com sintomas relacionados ao acúmulo de gases, os estudos indicaram a
eficácia da simeticona quando comparada ao placebo, bem como a não inferioridade e a superioridade do
medicamento em relação à cisaprida, um pró-cinético empregado para os distúrbios disfuncionais do trato
digestivo não disponível no Brasil. No grupo de pacientes pediátricos, tratados em razão dos sintomas
associados às cólicas infantis, uma revisão sistemática com metanálise e dois ensaios clínicos individuais
não demonstraram diferenças de benefício estatisticamente significativas do medicamento nesse contexto,
comparado ao placebo ou a um probiótico (L. reuteris).
No contexto da utilização da simeticona para o preparo de pacientes para exames de imagem, com o
objetivo de melhorar a visibilidade dos órgãos abdominais, a eficácia da simeticona está bem estabelecida
em todos os estudos. O medicamento, utilizado em geral como associação às soluções de preparo, foi
capaz de reduzir a quantidade de bolhas de ar intraluminais, melhorando a qualidade das imagens obtidas
em exames de colonoscopia, endoscopia digestiva alta e endoscopia por cápsula.
Três ensaios clínicos controlados avaliaram a simeticona no manejo dos transtornos funcionais do trato
gastrintestinal. Em Bernstein 1974, o grupo da simeticona apresentou redução significativa de todos os
sintomas quando analisados em conjunto (gases, pirose, plenitude gástrica, distensão abdominal,
indigestão, inchaço, pressão, acidez, desconforto estomacal, dor pós-prandial; p<0,001) e em oito deles
quando analisados separadamente (gases, plenitude gástrica, inchaço, distensão, indigestão, desconforto
gástrico, acidez e dor pós-prandial). A redução na severidade de todos os sintomas combinados foi
significativamente maior no grupo tratado com simeticona (p<0,001), assim como da maioria dos
sintomas isolados (gases, plenitude, inchaço, distensão, desconforto, dor, indigestão e acidez).
Holtmann 1999 avaliou os escores de severidade dos sintomas resultante da soma dos escores atribuídos
a plenitude gástrica, dor no abdômen superior, gases, saciedade precoce, náusea, vômito, regurgitação,
pirose, perda de apetite e percepção dos movimentos intestinais. Durante o estudo, a soma do escore de
sintomas decresceu significativamente no grupo da simeticona, com a diferença entre os grupos sendo de
-55,2% (IC 95% -85,2% a -25,2%) após duas semanas e -24,2% (-54,3% a 5,8%) após quatro semanas,
obedecendo aos critérios determinados no estudo para estabelecer a não inferioridade da simeticona em
relação à cisaprida (p<0,001).
Holtmann 2002 comparou simeticona, cisaprida e placebo, com seguimento de 8 semanas. Os sintomas
avaliados foram: plenitude gástrica, dor em abdômen superior, borborigmos, eructação, saciedade
precoce, náusea, vômito, regurgitação, pirose e perda de apetite. Após dois, quatro e oito semanas de
tratamento, a soma dos escores de sintoma foi significativamente menor no grupo com a simeticona ou a
cisaprida comparadas ao grupo placebo. A simeticona foi não inferior à cisaprida após quatro (p<0,0001)
e oito semanas (p=0,0004) e foi superior à cisaprida após 2 semanas (p=0,0007). Durante as oito semanas
de duração do estudo, a simeticona resultou em uma melhora numericamente melhor dos sintomas
quando comparada à cisaprida e as diferenças foram significativas no nível 2,5% para as duas primeiras
semanas para os sintomas plenitude, dor, saciedade e náusea.
Uma revisão sistemática com metanálise (Lucassen 1998) avaliou diversos tratamentos para cólicas
infantis, tendo incluído três estudos que compararam simeticona a placebo em um total de 126 crianças
com idades variando entre três dias e 12 semanas. Quando avaliados individualmente, apenas Sehti 1988
demonstrou benefício para a simeticona, em termos de percentual de sucesso (tamanho do efeito 0,54 (IC
95% 0,21 a 0,87)), por oposição a Danielsson 1985 (tamanho do efeito 0,06 (IC 95% -0,17 a 0,28)) e
Metcalf 1994 (tamanho do efeito -0,10 (-0,27 a 0,08)), que não conseguiram observar diferenças
estatisticamente significativas em termos dos desfechos avaliados. Os autores reportaram o resultado da
metanálise para a comparação simeticona placebo apenas no gráfico de pinheiro, sem informar a
estimativa pontual e o intervalo de confiança para os dados agregados, porém demonstrando a ausência
de diferença estatisticamente significativa entre os grupos.
Savino 2007 comparou a simeticona ao probiótico Lactobacilus reuteri no tratamento da cólica infantil.
Foram incluídas 90 crianças para receber o probiótico ou simeticona (60 mg/dia) durante 28 dias. O
desfecho mensurado foi o tempo mediano de choro por dia no baseline, dias 1, 7, 14, 21 e 28. Os
resultados foram favoráveis para o probiótico mostrando uma redução significativa do tempo mediano
chorando por dia no dia 7 (159 minutos por dia versus 177 minutos por dia; p=0,005), 14, 21 e ao final do
estudo (51 minutos por dia versus 145 minutos por dia no dia 28; p<0,001).
Voepel-Lewis 1988 avaliou a eficácia da simeticona comparada ao placebo no tratamento do desconforto
abdominal pós-operatório em crianças abaixo dos 28 meses de idade que receberam anestesia geral
inalatória. Os resultados demonstraram menores escores de dor segundo o instrumento de avaliação
FLACC 20 e 30 minutos após a administração da medicação (p>0,05). Pacientes que receberam placebo
mostram-se significativamente mais suscetíveis a requerer medicação adicional de resgate durante a
permanência na unidade de recuperação pós-anestésica (p=0,02). Medicação de resgate incluía codeína,
sulfato de morfina e simeticona.
No que diz respeito à eficácia da simeticona na redução das bolhas de ar intraluminais, todos os estudos
avaliados demonstraram o benefício do medicamento na redução da quantidade de bolhas de ar presente
ao exame, quando comparada ao controle (placebo, diferentes doses de simeticona, outros fármacos ou
ausência de preparo).
Em McNally 1988, os pacientes submetidos à colonoscopia tiveram escore médio de bolhas de ar menor
no grupo com simeticona quando comparado ao grupo placebo para todos os segmentos colônicos
(p<0,01 para o reto e p<0,001 para cólon descendente, transverso, ascendente e ceco). Em relação ao grau
de comprometimento da visibilidade, diferenças estatisticamente significativas também foram observadas,
sendo o escore médio de prejuízo da visibilidade em todos os segmentos do intestino no grupo da
simeticona igual a zero.
Lazzaroni 1993 demonstrou que 56 de 57 pacientes apresentaram quantidade mínima ou ausência de
bolhas (98%) no grupo da simeticona e apenas 41 de 48 (85%) no grupo placebo (p=0,037). O estudo
obteve também resultados favoráveis para o grupo com simeticona em termos de redução da sensação de
mal estar e da ocorrência de distúrbios do sono (p=0,012 para ambos). Sudduth 1995 observou que 13 de
44 (29,5%) pacientes apresentaram bolhas significativas em pelo menos um segmento do cólon no grupo
placebo, comparado a um de 42 (2,4%) paciente no grupo com simeticona (p<0,001). Foram comparados
também os escores médios de bolhas de ar, evidenciando benefício da adição de simeticona nos
segmentos retossigmóide e cólon ascendente (p<0,05). Em Tongprasert 2009, a adição da simeticona
diminui significativamente a ocorrência de bolhas de ar no intestino como um todo (grau aceitável de
bolhas em 100% dos pacientes no grupo da simeticona e 42,4% dos pacientes no grupo placebo;
p<0,0001). Nenhum paciente no grupo da simeticona teve grau inaceitável de bolhas, contra 57,6% dos
pacientes no grupo placebo.
Os resultados de Bertoni 1992 indicaram a superioridade significativa dos braços com simeticona em
relação ao placebo (p<0,001), no que diz respeito ao escore de espuma e bolhas ao exame. Em Ge 2006, o
grupo da simeticona apresentou visibilidade da mucosa intestinal melhor do que no grupo controle no
primeiro segmento do intestino ao exame, correspondente à uma hora de exame (p=0,0175). Wei 2008
encontrou que o número de pacientes com o preparo do intestino considerado adequado pelo examinador
foi de 17 no grupo com simeticona, 12 no grupo que recebeu apenas a solução e sete no controle
(p=0,002).
Em Postgate 2009, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas em termos de tempo
de trânsito gástrico ou intestinal e taxa de exames completos entre os braços, bem como de qualidade das
imagens, porém os dois braços que receberam purgativos (controle) foram significativamente menos
convenientes e confortáveis (p>0,001 e p=0,001 para cada desfecho respectivamente) do que o esquema
com simeticona apenas.
Avramovic et al. realizaram um estudo duplo-cego em pacientes submetidas a parto cesáreo para estudar
o efeito da simeticona sobre os sinais subjetivos e objetivos de distensão por gás durante o período pós-
operatório. Os resultados obtidos com a simeticona demonstraram uma redução significativamente maior
das queixas subjetivas analisadas (náusea, vômitos, meteorismo, desconforto no estômago, dores
abdominais), assim como movimentos peristálticos e flatulência em relação ao placebo. Com base nos
resultados obtidos e considerando a não-toxicidade do fármaco, sua característica de ser inerte
quimicamente, boa tolerância e uso simples, os autores consideraram a simeticona muito útil na
prevenção do desconforto pós-operatório devido ao acúmulo de gás e distensão abdominal após o parto
cesáreo.
A eficácia da simeticona em melhorar a visibilidade durante a colonoscopia foi avaliada por Sudduth RH
et al. Eles estudaram 86 pacientes recebendo ou simeticona (n=42) ou placebo (n=44). Este estudo indica
que o uso de simeticona combinado com uma preparação de fosfato de sódio pode melhorar a visibilidade
do cólon, diminuindo a presença de bolhas. A melhor visualização pode aumentar a detecção de lesões
patológicas na mucosa.
Propriedades Farmacodinâmicas
Simeticona, cujo componente ativo é a simeticona, é um silicone antifisético com ação antiflatulenta, que
alivia o mal estar gástrico causado pelo excesso de gases.
Simeticona atua no estômago e no intestino, diminuindo a tensão superficial dos líquidos digestivos,
levando ao rompimento das bolhas, à dificuldade de formação destas bolhas, ou à formação de bolhas
maiores que serão facilmente expelidas. As bolhas dos gases são as responsáveis pela dor abdominal e
pela flatulência, e a sua eliminação resulta no alívio dos sintomas associados com a retenção dos gases.
As propriedades antifiséticas da simeticona, um agente antiflatulento, foram investigadas por Brecevic et
al. em três diferentes sistemas espumantes contendo surfactante catiônico, surfactante aniônico e solução
de sabão. Os resultados obtidos das medidas da densidade da espuma inicial, estabilidade da espuma e
tensão superficial fornecem evidências de que a ligação entre o filme líquido dos surfactantes pela
simeticona, auxiliado e acelerado pela presença de partículas hidrofóbicas de sílica, provocam a ruptura
deste filme, mesmo ele sendo relativamente fino, sendo o provável mecanismo de inibição de espuma em
todos os sistemas.
O efeito foi mais pronunciado no sistema com solução catiônica do que com a solução aniônica e sabão.
Esses achados contribuem para o estudo que relaciona a eficácia da simeticona como antídoto e agente
antifisética em casos de ingestão e envenenamento por detergente.
Propriedades Farmacocinéticas
A simeticona atua localmente, o que significa que ela não é absorvida. Desta forma, estudos de
farmacocinética são inviáveis com o fármaco, cujo mecanismo de ação foi demonstrado in vitro em
alguns estudos.
O tempo de início para a ação clínica da simeticona é estimado em aproximadamente 10 minutos para
síndromes dispeptivas e em 20 a 30 minutos para os sintomas pós-operatórios e uso par realização de
exames endoscópicos de trato intestinal.
Simeticona é contraindicado para pacientes com hipersensibilidade a qualquer um dos componentes da
fórmula.
Simeticona é contraindicado aos pacientes com perfuração ou obstrução intestinal suspeita ou conhecida.
Não há advertências ou recomendações especiais sobre o uso de simeticona.
Não exceda a dose recomendada.
Ponderando-se evidências adequadas, este medicamento representa risco mínimo quando usado em
mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez
Categoria de risco na gravidez: C
Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica.
Uso em idosos, crianças e outros grupos de risco
Não são conhecidas interações de simeticona com outros medicamentos ou alimentos.
Conservar em temperatura ambiente (entre 15°C e 30ºC). Proteger da luz e umidade.
Prazo de validade: 24meses a partir da data de fabricação.
Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem.
Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original.
Aspecto Físico
Comprimido: Comprimido circular, biconvexo, não sulcado, de cor branca, isento de material estranho.
Emulsão oral: Emulsão de cor rosa, com odor de cereja.
Antes de usar, observe o aspecto do medicamento.
TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.
Simeticona deve ser administrado por via oral.
Não há estudos dos efeitos de simeticona comprimidos e gotas administrado por vias não recomendadas.
Portanto, por segurança e para eficácia destas apresentações, a administração deve ser somente pela via
oral.
simeticona comprimidos:
Tomar 1 comprimido 3 vezes ao dia, às refeições.
simeticona gotas (25 gotas/mL):
Crianças – lactentes: 3 a 5 gotas, 3 vezes ao dia.
Até 12 anos: 5 a 10 gotas, 3 vezes ao dia.
Acima de 12 anos e Adultos: 13 gotas, 3 vezes ao dia.
As gotas podem ser administradas diretamente na boca, ou diluídas em um pouco de água ou outro
alimento.
A dose máxima diária de simeticona deve ser limitada a 500 mg (12 comprimidos ou 166 gotas).
Atenção: o comprimido deve ser removido com cuidado.
O FRASCO DE SIMETICONA GOTAS DEVE SER AGITADO ANTES DO USO.
As doses poderão ser aumentadas a critério médico.
A simeticona não é absorvida pelo organismo. Ela atua somente dentro do aparelho digestivo, e é
totalmente eliminada nas fezes, sem alterações. Portanto, reações indesejáveis são menos prováveis de
ocorrer:
• Eczema de contato;
• Em casos raros: reações imediatas como urticária.
Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária -
NOTIVISA, disponível em http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm, ou para a
Vigilância Sanitária Estadual ou Municipal.