Bula do Ambisome produzido pelo laboratorio United Medical Ltda
para o Profissional com todas as informações sobre este medicamento
AmBisome®
Injetável
anfotericina B liposomal
INFORMAÇÕES TÉCNICAS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
APRESENTAÇÃO
AmBisome® para injeção é um produto liofilizado estéril para infusão endovenosa.
Cada frasco ampola contém 50 mg de anfotericina B, U.S.P., Ph. Eur. encapsulada
em liposomas cuja constituição é de aproximadamente 213 mg de fosfatidilcolina de
soja hidrogenada, 52 mg de colesterol, U.S.N.F., 84 mg de distearoilfosfatidilglicerol,
0,64 mg de alfa tocoferol, U.S.P., Ph. Eur., 900 mg de sacarose, U.S.P., Ph. Eur. e
27 mg de succinato dissódico hexahidratado como tampão.
Os liposomas são vesículas esféricas, fechadas formadas por uma variedade de
substâncias anfofílicas tais como os fosfolipídios. Os fosfolipídios se arranjam entre
si em uma membrana de dupla camada quando expostos a soluções aquosas. A
parte lipofílica da molécula de anfotericina B permite que a droga se arranje entre a
dupla camada dos liposomas.
• AmBisome é indicado no tratamento de infecções micóticas profundas
graves e/ou micose sistêmica endêmica e/ou oportunista causadas por organismos
suscetíveis a este agente anti-infeccioso, tais como criptococose, blastomicose
norte-americana, candidíase disseminada, coccidioidomicose, aspergilose,
histoplasmose, mucormicose, e no tratamento de alguns casos de leishmaniose
mucocutânea americana.
• AmBisome é indicado no tratamento de febre de origem indeterminada (FOI)
em pacientes neutropênicos. Neste contexto, a FOI é definida como febre
persistente, que não responde a antibioticoterapia após 96 horas e é altamente
indicativa de uma infecção fúngica sistêmica nesta população de pacientes. Antes
de iniciar tratamento com AmBisome, deve-se excluir, na medida do possível, a
possibilidade de que a causa da febre de origem indeterminada seja uma infecção
viral, parasitária ou micobacteriana.
• AmBisome é indicado como terapia primária de leishmaniose visceral em
adultos e crianças imunocompetentes e como terapia primária contra leishmaniose
visceral em pacientes imunocomprometidos (p.ex., HIV positivos).
Este medicamento não deve ser usado para tratar formas comuns e sem
manifestações clínicas de doenças fúngicas, comprovadas apenas com testes
positivos cutâneos ou sorológicos.
2. ESTUDOS CLÍNICOS
A eficácia do AmBisome no tratamento de infecções micóticas sistêmicas, incluindo
tratamento empírico de febre de origem indeterminada em pacientes neutropênicos
e da leishmaniose visceral, foi estabelecida em vários estudos clínicos. Esses
estudos incluem ensaios comparativos randomizados do AmBisome contra a
anfotericina B convencional em infecções confirmadas por Aspergillus e Candida,
em que ambos os produtos apresentaram eficácia equivalente. Em pacientes
neutropênicos febris, adultos ou pediátricos, com diagnóstico presuntivo de infecção
fúngica, os resultados de um estudo clínico randomizado, duplo cego demonstraram
que o AmBisome 3 mg/kg/dia foi tão eficaz quanto a anfotericina B convencional. A
eficácia do AmBisome no tratamento de leishmaniose visceral foi claramente
demonstrada em uma grande população de pacientes imunocompetentes e
imunocomprometidos.
Infecção invasiva por fungos filamentosos (IFFI), incluindo Aspergillus spp.: A
eficácia da terapia de primeira linha com AmBisome foi demonstrada em um estudo
em larga escala, prospectivo, randomizado, multicêntrico em pacientes
imunocomprometidos, principalmente adultos e crianças (>30 dias de idade)
neutropênicos, com IFFIs comprovadas ou prováveis (estudo AmBiLoad). Os
pacientes foram monitorados durante 12 semanas. Um regime de dose padrão de
3 mg/kg/dia (N=107) foi comparado a um regime de dose de ataque de 10 mg/kg/dia
(N=94) durante os primeiros 14 dias de tratamento. No conjunto de análise por
intenção-de-tratar modificado, as taxas de resposta global favorável foram de 50%
no grupo que recebeu a dose padrão e 46% no grupo que recebeu a dose de ataque.
As diferenças não foram estatisticamente significativas. O tempo médio até a
resolução da febre foi similar nos grupos que receberam a dose padrão e a dose de
carga (6 e 5 dias, respectivamente). Doze semanas após a primeira dose de
AmBisome, a sobrevivência foi de 72% no grupo que recebeu a dose padrão e 59%
no grupo que recebeu a dose de carga. A diferença não foi estatisticamente
significativa.
Candidíase invasiva: O AmBisome (3 mg/kg/dia) foi tão eficaz quanto a micafungina
(100 mg/dia [peso corporal > 40 kg] ou 2 mg/kg/dia [peso corporal ≤ 40 kg]) como
terapia de primeira linha no tratamento de candidemia e candidíase invasiva em um
estudo randomizado, duplo cego, multinacional e de não-inferioridade, realizado em
adultos e crianças, onde AmBisome e a micafungina foram administrados durante
15 dias em média. As taxas de resposta global favorável foram de 89,5% (170/190)
no grupo do AmBisome e de 89,6% (181/202) no grupo da micafungina (conjunto
de análise por protocolo). O subestudo pediátrico que recrutou pacientes com idades
a partir do nascimento, inclusive bebês prematuros, mostrou uma resposta numérica
maior em pacientes de todas as idades tratados com AmBisome, exceto em bebês
prematuros. As taxas de resposta global favorável foram: 88,1% (37/42) com
AmBisome e 85,4% (35/41) com micafungina (conjunto de análise por protocolo).
Zigomicose invasiva: Um estudo retrospectivo de 15 anos de duração com 59
pacientes hematológicos com mucormicose (zigomicose) comprovada ou provável.
A terapia foi bem-sucedida em 18 pacientes (37%): 9 dos 39 pacientes que
receberam anfotericina B convencional (23%) e 7 dos 12 pacientes que receberam
AmBisome (58%) responderam à terapia.
3. CARACTERISTICAS FARMACOLÓGICAS
Propriedades farmacodinâmicas
Grupo farmacoterapêutico: Antimicóticos para uso sistêmico, antibióticos, código
ATC: J02AA01
A anfotericina B é um antibiótico antifúngico, macrocíclico e poliênico produzido por
Streptomyces nodosus.
Os lipossomas são vesículas esféricas fechadas formadas por diversas substâncias
anfifílicas, como os fosfolipídios, que se organizam em uma membrana de dupla
camada quando expostos a soluções aquosas. Os grupamentos lipofílicos da
molécula de anfotericina fazem com que ela se concentre na bicamada lipídica dos
lipossomas.
A anfotericina B é fungistática ou fungicida dependendo de sua concentração nos
fluídos corporais e da suscetibilidade do fungo. Acredita-se que a ação do
medicamento ocorra através da sua ligação com esteróis na membrana celular
fúngica, alterando a parede celular e permitindo a passagem vários tipos de
moléculas pequenas. As membranas celulares de mamíferos também contêm
esteróis e foi sugerido que a anfotericina B pode danificar membranas de células
humanas através do mesmo mecanismo pelo qual danifica células fúngicas.
Propriedades farmacocinéticas
O perfil farmacocinético do AmBisome, baseado nas concentrações plasmáticas
totais de anfotericina B, foi determinado em pacientes com câncer e neutropenia
febril ou recipientes de transplante de medula óssea que receberam AmBisome 1,0
a 7,5 mg/kg/dia (infusão de 1 hora) durante 3 a 20 dias. O perfil farmacocinético do
AmBisome é bem diferente do descrito na literatura para a anfotericina B
convencional, com concentrações plasmáticas (Cmáx) mais elevadas de anfotericina
B e exposição (AUC0-24) maior após a administração de AmBisome que após
anfotericina B convencional.
Após a primeira e última dose, os parâmetros farmacocinéticos do AmBisome
(média ± desvio padrão) variaram conforme o que segue:
Cmáx: 7,3 µg/ml (±3,8) a 83,7 µg/ml (±43,0)
T½: 6,3 h (±2,0) a 10,7 h (±6,4)
AUC0-24: 27 µg.h/ml (±14) a 555 µg.h/ml (±311)
Clearance (Cl): 11 ml/hr/kg (±6) a 51 ml/h/kg (±44)
Volume de distribuição
no estado de equilíbrio (Veq): 0,10 l/kg (±0,07) a 0,44 l/kg (±0,27)
As maiores doses nem sempre produziram os valores farmacocinéticos mais
elevados, e nem sempre as menores doses foram associadas aos menores valores.
Após a administração de AmBisome, o estado de equilíbrio foi alcançado
rapidamente, em geral 4 dias após a dose.
A farmacocinética do AmBisome após a primeira dose parece ser não-linear, de tal
forma que as concentrações séricas são maiores do que proporcionais ao aumento
da dose.
Acredita-se que essa resposta não proporcional à dose seja causada pela saturação
da depuração de AmBisome pelo sistema reticuloendotelial. Não houve acúmulo
significativo do medicamento no plasma após administração repetida de 1 a
7,5 mg/kg/dia. O volume de distribuição no 1o
dia e no estado de equilíbrio sugere
ampla distribuição do AmBisome nos tecidos.
Após administrações repetidas, a meia-vida de eliminação terminal (t½ß) do
AmBisome foi de aproximadamente 7 horas.
A excreção do AmBisome não foi estudada, e as vias metabólicas da anfotericina B
e do AmBisome são desconhecidas.
Devido ao tamanho dos lipossomas, o AmBisome não é filtrado pelos glomérulos e
eliminado pelos rins, o que evita a interação da anfotericina B com as células do
túbulo distal e reduz o potencial de nefrotoxicidade observado nas preparações com
Insuficiência renal:
O efeito da insuficiência renal na farmacocinética do AmBisome ainda não foi
estudado formalmente. Alguns dados sugerem que não é necessário ajustar a dose
em pacientes submetidos à hemodiálise ou hemofiltração, embora a administração
de AmBisome deva ser evitada durante o procedimento.
Microbiologia
O componente antifúngico do AmBisome é a anfotericina B, um composto com
elevada atividade in vitro contra muitas espécies de fungos. A maioria das cepas de
Histoplasma capsulatum, Coccidioides immitis, Candida spp., Blastomyces
dermatitidis, Rhodotorula, Cryptococcus neoformans, Sporothrix schenkii, Mucor
mucedo e Aspergillus fumigatus é inibida por concentrações de anfotericina B
variando de 0,03 a 1,0 mcg/ml in vitro. A anfotericina B tem efeito mínimo ou não
tem efeito nenhum contra bactérias e vírus.
Antes do início do tratamento, devem ser obtidas amostras para cultura de fungos e
outros exames laboratoriais relevantes (sorologia, histopatologia) para identificar os
organismos causadores. A terapia poderá ser instituída antes de se conhecer os
resultados das culturas e outros estudos laboratoriais, mas o tratamento anti-
infeccioso deve ser ajustado após a obtenção desses resultados.
A suscetibilidade de cada espécie ao medicamento pode variar temporal e
geograficamente. Devem-se obter informações locais sobre a suscetibilidade, em
especial ao se tratar infecções graves. As Tabelas 1 e 2 apresentam informações
indicativas da probabilidade de os microorganismos serem ou não susceptíveis a
AmBisome. Como ocorre com todos agentes antimicrobianos, foram identificados
isolados clínicos pouco suscetíveis ao AmBisome.
A suscetibilidade de leveduras e fungos formadores de esporos foi testada de
acordo com a metodologia do Antifungal Susceptibility Testing Subcommittee of the
European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing (AFST-EUCAST; Lass-
Flörl et al., Antimicrob Agents Chemother. 2008;52(10):3637-41). As tabelas 1 e 2
mostram os resultados de suscetibilidade in vitro.
Tabela 1: Suscetibilidade in vitro ao AmBisome de espécies de leveduras
Espécies N
o
de isolados Faixa [ g/ml]
Candida spp.
Candida albicans 59 0,015-0,12
Candida glabrata 18 0,5-1
Candida parapsilosis 18 0,5-1
Candida krusei 19 0,5-2
Candida lusitaniae 9 0,06-0,125
Candida tropicalis 10 0,25-1
Candida guilliermondii 4 0,06-0,12
Outras
Saccharomyces cerevisiae 3 0,03-0,06
Cryptococcus neoformans
var. neoformans 10 0,06-0,12
var. gattii 3 0,03-0,06
Trichosporon inkin 3 0,03-0,06
Trichosporon asahii 4 0,01-0,03
Geotrichum candidum 4 0,06-0,25
Tabela 2: Suscetibilidade in vitro ao AmBisome de espécies de Bolores
Espécies No
Aspergillus spp.
Aspergillus fumigatus 29 0,5-2
Aspergillus terreus 34 2-4
Aspergillus flavus 21 1-4
Aspergillus niger 13 1-2
Zigomicetos
Rhizomucor spp. 17 0,3-0,125
Absidia corymbifera 4 0,125-1
Absidia spp. 17 0,5-2
Rhizopus microsporus var.
oligosporus 3
0,03-0,25
Rhizopus oryzae 6 1-4
Rhizopus spp. 12 1-4
Mucor hiemalis 3 0,03-0,5
Mucor spp. 11 0,03-0,5
Cunninghamella spp. 4 0,5-4
Scedosporium prolificans 2 >8
Scedosporium apiospermum 3 1-2
Penicillium marneffei 2 0,03-0,25
Penicillium spp. 2 0,5-1
Fusarium solani 2 4-8
Fusarium oxysporum 2 0,03-0,5
Sporothrix schenckii 2 1-2
Curvularia lunata 2 0,125-0,5
Bipolaris australiensis 2 0,01-0,06
Rhinocladiella aquaspersa 2 0,5-1
Foi demonstrado que o AmBisome é eficaz em modelos animais de leishmaniose
visceral (causada por Leishmania infantum e Leishmania donovani). Em
camundongos infectados com Leishmania infantum e tratados com 3 a 7 doses de
3 mg/kg de AmBisome, observou-se que todos os regimes posológicos do
AmBisome curaram os camundongos mais rapidamente do que o estibogluconato
de sódio e não produziram toxicidade. Em camundongos infectados com Leishmania
donovani, o AmBisome foi 5 vezes mais eficaz e 25 vezes menos tóxico que a
anfotericina B.
AmBisome é contraindicado em pacientes com hipersensibilidade à substância
ativa ou a qualquer um dos excipientes, a menos que, na opinião do médico, a
condição que requer tratamento traga risco de morte e não haja outra opção
terapêutica além do AmBisome.
Uso durante Gravidez e Lactação
Ainda não foi estabelecido se AmBisome® é seguro quando usado durante a
gravidez e lactação. Nenhum estudo de toxicidade reprodutiva foi conduzido com o
uso de AmBisome®. Infecções fúngicas sistêmicas foram tratadas com sucesso em
mulheres grávidas usando-se anfotericina B convencional sem nenhum efeito óbvio
no feto, porém o número de casos relatados foi pequeno. Desta forma, AmBisome®
deverá somente ser utilizado durante a gravidez se os possíveis benefícios se
sobrepuserem aos potenciais riscos envolvidos. A amamentação deverá ser
interrompida durante o tratamento.
5. ADVERTENCIAS E PRECAUÇÕES
A infusão de AmBisome foi associada a relatos de reações anafiláticas e
anafilactoides. Para detectar reações anafiláticas idiossincráticas e minimizar a dose
aplicada em caso de reação, deve-se administrar inicialmente uma dose teste. Se
houver reação anafilática ou anafilactoide, deve-se interromper a infusão
imediatamente e o paciente não deverá receber novas infusões de AmBisome.
Outras reações graves associadas à infusão podem ocorrer durante a administração
de produtos contendo anfotericina B, incluindo AmBisome. Embora as reações
infusionais em geral não sejam graves, devem-se considerar medidas preventivas
ou de tratamento dessas reações em pacientes tratados com AmBisome. A infusão
a taxas mais lentas (2 horas) e a administração rotineira de difenidramina,
paracetamol, petidina e/ou hidrocortisona são descritas como medidas eficazes em
prevenir e tratar essas reações.
AmBisome mostrou-se bem menos tóxico que a anfotericina B convencional,
principalmente em relação à nefrotoxicidade, embora possa causar reações
adversas, inclusive renais.
Em estudos comparando AmBisome em dose diárias de 3 mg/kg com doses diárias
mais altas (5, 6 ou 10 mg/kg), observou-se que as taxas de incidência de aumento
de creatinina sérica, hipocalemia e hipomagnesemia foram visivelmente maiores nos
grupos que receberam doses mais altas.
Foi relatada toxicidade pulmonar aguda em pacientes que receberam anfotericina B
(em complexo com desoxicolato de sódio) durante ou logo após transfusões de
leucócitos. Recomenda-se manter o intervalo mais longo possível entre as infusões
e monitorar a função pulmonar.
Este medicamento contém SACAROSE.
Tratamento de pacientes de diálise renal: Alguns dados sugerem que não é
necessário ajustar a dose em pacientes submetidos à hemodiálise ou hemofiltração,
embora a administração de AmBisome deva ser evitada durante o procedimento.
Este medicamento é contraindicado em pacientes com problemas hereditários raros
de intolerância à frutose, má absorção de glicose-galactose ou insuficiência de
Não foi feito nenhum estudo específico de interações de AmBisome. No entanto, os
seguintes medicamentos são conhecidos por interagirem com a anfotericina B e
podem interagir com o AmBisome:
Medicamentos nefrotóxicos: A administração concomitante de AmBisome e outros
agentes nefrotóxicos (p.ex., ciclosporina, aminoglicosídeos e pentamidina) pode
aumentar o potencial de toxicidade renal induzido pelo medicamento em alguns
pacientes. No entanto, em pacientes tratados com ciclosporina e/ou
aminoglicosídeos, o AmBisome foi associado a uma nefrotoxicidade
significativamente menor em comparação à anfotericina B convencional.
Recomenda-se monitorar regularmente a função renal em pacientes tratados com
AmBisome ou qualquer outro medicamento nefrotóxico.
Corticosteroides, corticotropina (ACTH) e diuréticos: O uso concomitante de
corticosteroides, ACTH e diuréticos (de alça e tiazídicos) pode potencializar a
hipocalemia.
Glicosídeos digitálicos: A hipocalemia induzida por AmBisome pode potencializar a
toxicidade por digitálicos.
Relaxantes musculares esqueléticos: A hipocalemia induzida por AmBisome pode
aumentar o efeito curariforme de relaxantes musculares esqueléticos (p.ex.,
tubocurarina).
Antifúngicos: O uso concomitante de flucitosina pode aumentar a toxicidade deste
fármaco ao elevar sua absorção celular ou dificultar a sua excreção renal.
Agentes antineoplásicos: O uso concomitante de agentes antineoplásicos pode
aumentar o potencial de nefrotoxicidade, broncospasmo e hipotensão. Deve-se ter
cautela ao administrar agentes antineoplásicos ao mesmo tempo.
Transfusões de leucócitos: Há relatos de toxicidade pulmonar aguda em pacientes
que receberam anfotericina B (como complexo de desoxicolato de sódio) durante ou
logo após transfusões de leucócitos. Recomenda-se que essas infusões sejam
separadas por um período o mais longo possível e monitorar a função pulmonar.
AmBisome é um produto de dose única, estéril, liofilizado, que não contém
conservantes. Devido a suas características microbiológicas, o produto deve ser
usado imediatamente após ser reconstituído. Se não for usado imediatamente, o
tempo e as condições de armazenamento do material antes da utilização serão de
responsabilidade do usuário e não deverão exceder 24 horas a temperaturas entre 2
e 8°C, exceto se a reconstituição e a diluição tiverem sido feitas em condições
assépticas controladas e validadas.
Quando a reconstituição e diluição forem feitas em condições assépticas controladas
e validadas, o seguinte poderá ser usado para determinar os períodos de uso do
medicamento.
AmBisome reconstituído, 50 mg de anfotericina B lipossomal em pó para solução
para infusão:
A estabilidade físico-química foi demonstrada nas seguintes condições de
armazenamento.
Frascos-ampolas de vidro: 24 horas a 25 ± 2 °C expostos à luz ambiente.
Frascos-ampolas de vidro: até 7 dias entre 2 e 8 °C.
Seringas de polipropileno: até 7 dias entre 2 e 8 °C.
Não congelar.
Concentrado após diluição com soluções de dextrose:
armazenamento com diluição em infusão de dextrose e armazenamento em bolsas
de infusão de PVC ou poliolefina.
Diluente Diluição Concentração de
anfotericina B
mg/ml
Tempo máximo de
armazenamento a
2-8°C
Tempo máximo
de
armazenamento
a 25±2°C
1:2 2,0 7 dias 48 horas
Dextrose 5% 1:8 0,5 7 dias 48 horas
1:20 0,2 4 dias 24 horas
Dextrose 10% 1:2 2,0 48 horas 72 horas
Dextrose 20% 1:2 2,0 48 horas 72 horas
Precauções especiais de conservação
AmBisome, 50 mg de anfotericina B lipossomal em pó para solução para infusão.
Não armazenar acima de 25 °C. Não congelar.
Não armazenar frascos-ampolas parcialmente usados para uso futuro em pacientes.
Natureza e conteúdo do recipiente
AmBisome é fornecido em frascos-ampolas de vidro tipo I estéreis contento 15, 20
ou 30 ml. O sistema de fechamento consiste em uma rolha de borracha butílica,
lacre de alumínio e tampa de plástico removível. Os frascos-ampolas de dose única
são embalados em caixas de 10 unidades e 10 filtros.
Algumas apresentações podem não estar disponíveis comercialmente.
LEIA CUIDADOSAMENTE TODA ESTA SEÇÃO ANTES DE INICIAR A
RECONSTITUIÇÃO.
AmBisome NÃO é equivalente a outros produtos que contêm anfotericina.
AmBisome deve ser reconstituído em água estéril para injeção (sem agente
bacteriostático) e diluído em solução de dextrose (5%, 10% ou 20%) própria
para infusão.
O uso de soluções não recomendadas ou contendo agentes bacteriostáticos (p.ex.,
álcool benzílico) pode causar a precipitação de AmBisome.
AmBisome é INCOMPATÍVEL COM SOLUÇÃO SALINA e, portanto, não deve ser
reconstituído ou diluído nesse tipo de solução ou administrado através de acessos
venosos já utilizados para soro fisiológico, a menos que previamente irrigados com
solução de dextrose (5%, 10% ou 20%) para infusão. Se isso não for possível,
AmBisome deve ser administrado através de um acesso venoso separado.
NÃO misture AmBisome a outros medicamentos ou eletrólitos.
O manuseio deve ser feito com técnica asséptica, pois AmBisome e o material
especificado para a sua reconstituição e diluição não contêm conservantes ou
agentes bacteriostáticos.
Frascos-ampolas de AmBisome contendo 50 mg de anfotericina são
preparados conforme se segue:
1. Adicione 12 ml de água para injeção a cada frasco-ampola de AmBisome a fim
de obter uma preparação contendo 4 mg/ml de anfotericina B.
2. IMEDIATAMENTE após adicionar água, AGITE VIGOROSAMENTE O FRASCO-
AMPOLA por 30 segundos para dispersar completamente o AmBisome. Após a
reconstituição, o concentrado terá aspecto de uma dispersão amarelo translúcida.
Em seguida, observe se o frasco-ampola contém material particulado e continue
agitando até dispersar todo o conteúdo. Não utilize se houver qualquer sinal de
precipitação de material estranho.
3. Calcule a quantidade de AmBisome reconstituído (4 mg/ml) a ser rediluída (ver
adiante).
4. A solução para infusão é obtida diluindo-se o AmBisome reconstituído em uma
(1) a dezenove (19) partes de solução de dextrose (5%, 10% ou 20%) para infusão,
por volume, produzindo uma concentração final de anfotericina no intervalo
recomendado (0,20 a 2,00 mg/ml) na forma de AmBisome (consulte a tabela
abaixo).
5. Retire o volume calculado de AmBisome reconstituído com uma seringa estéril.
Usando o filtro de 5 mícrons fornecido, instile a preparação de AmBisome em um
recipiente estéril com a quantidade correta de solução de dextrose (5%, 10% ou
20%) para infusão.
Este produto medicinal não deve ser misturado a outros produtos medicinais, exceto
aqueles mencionados neste parágrafo. AmBisome é incompatível com soluções
salinas e não deve ser misturado a outras drogas ou eletrólitos.
Pode-se usar um equipo com filtro de membrana para infusão intravenosa do
AmBisome. No entanto, o diâmetro médio dos poros do filtro não deve ser menor
que 1,0 mícron.
Exemplo de preparação de solução de AmBisome para infusão na dose de
3mg/kg/dia em solução de dextrose 5% para infusão.
Peso
(kg)
Número
de
frascos-
ampolas
Quantidade de
AmBisome
(mg) a ser
retirada para
diluição
complementar
Volume de
reconstituído
(ml)*
Para gerar uma
concentração de 0,2
mg/ml
(diluição 1 para 20)
concentração de
2,0 mg/ml
(diluição 1 para 2)
Volume
dextrose
5%
necessário
(ml)
total (ml;
mais
5%)
10 1 30 7,5 142,5 150 7,5 15
25 2 75 18,75 356,25 375 18,75 37,5
40 3 120 30 570 600 30 60
55 4 165 41,25 783,75 825 41,25 82,5
70 5 210 52,5 997,5 1050 52,5 105
85 6 255 63,75 1211,25 1275 63,75 127,5
*
Cada frasco-ampola de AmBisome (50 mg) é reconstituído com 12 ml de água para injeção a fim de produzir
uma concentração de 4 mg/ml de anfotericina B.
Somente para uso único. Descarte todo conteúdo não utilizado.
Os produtos não utilizados ou os resíduos devem ser eliminados de acordo com as
exigências locais.
Modo de administração
Uma dose teste (1 mg) deve ser administrada por infusão lenta durante até 10
minutos. Em seguida, o paciente deve ser cuidadosamente observado por 30
minutos.
O AmBisome deve ser administrado por infusão intravenosa com 30 a 60 minutos
de duração. Para doses acima de 5 mg/kg/dia, recomenda-se infundir durante 2
horas (ver também a seção 5). A concentração recomendada para infusão
intravenosa é de 0,2 a 2,0 mg/ml de anfotericina B na forma de AmBisome.
Pacientes adultos
A dose de anfotericina B na forma de AmBisome deve ser ajustada às
necessidades específicas de cada paciente.
• Com base na experiência clínica atual, para tratar infecções micóticas sistêmicas
deve ser iniciado com 3 mg/kg de peso corporal. A duração média do tratamento em
estudos clínicos foi de 14 a 15 dias (ver Seção 2). Em seguida, a dose de
AmBisome é adaptada às necessidades do paciente.
• Para tratar febre de origem indeterminada em pacientes neutropênicos, a dose é de
3 mg/kg/dia.
• Leishmaniose visceral: Pode-se usar 1,0 a 1,5 mg/kg/dia durante 21 dias ou
3,0 mg/kg/dia durante 10 dias no tratamento de leishmaniose visceral. Em pacientes
imunocomprometidos (p.ex., HIV positivos), pode-se administrar 1,0 a 1,5 mg/kg/dia
durante 21 dias. Devido ao risco de recidiva, uma terapia de manutenção ou uma
nova sessão de terapia de indução pode ser indicada.
Pacientes pediátricos
O tratamento de infecções fúngicas sistêmicas e febre de origem indeterminada com
AmBisome foi bem-sucedido em pacientes pediátricos, sem relatos de reações
adversas incomuns. AmBisome foi estudado em pacientes pediátricos de 1 mês a
18 anos de idade. A dose deve ser calculada da mesma forma que em adultos, por
quilograma de peso corporal. A segurança e eficácia de AmBisome não foram
estabelecidas em crianças com menos de um mês.
Pacientes idosos
Não é necessário alterar a dose ou freqüência de administração.
Insuficiência renal
Em estudos clínicos, AmBisome foi administrado em pacientes com insuficiência
renal preexistente em doses de 1 a 5 mg/kg/dia. Não foi necessário ajustar a dose
ou a freqüência de administração (ver seção 5).
Insuficiência hepática
Não se tem disponíveis resultados em que se possa basear uma recomendação de
dose para pacientes com insuficiência hepática.
Embora interações de AmBisome com outras drogas não tenham sido observadas
até o momento, pacientes que requerem terapia concomitante com outras drogas
deverão ser monitorados atentamente. Tem sido relatado que a anfotericina B
convencional interage com as seguintes drogas; agentes antineoplásicos,
corticosteróides e corticotrofina (ACTH), glicosídios digitálicos e relaxantes da
musculatura esquelética. Nenhuma evidência dos benefícios provenientes do uso de
fluorcitosina com AmBisome foi observada. Embora a sinergia entre anfotericina B e
fluorcitosina tenha sido relatada, a anfotericina B pode aumentar a toxicidade da
fluorcitosina por aumentar a captura celular da mesma e, conseqüentemente evitar
sua excreção renal.
Febre e tremores ou calafrios são as reações mais comuns associadas à infusão e
são esperadas durante a administração de AmBisome. Mais raramente, as reações
infusionais podem causar um ou mais dos seguintes sintomas: aperto ou dor no
peito, dispnéia, broncos pasmo, rubor, taquicardia, hipotensão e dor
musculoesquelética (descrita como dor nas articulações, dor nas costas e dor nos
ossos). Essas reações se resolvem rapidamente ao se interromper a infusão e
podem não ocorrer em doses subseqüentes ou quando são utilizadas taxas de
infusão mais lentas (2 horas).
Além disso, as reações infusionais também podem ser evitadas por pré-medicação,
mas as reações de natureza grave podem exigir descontinuação permanente do
AmBisome.
Em dois estudos comparativos duplos cegos, os pacientes tratados com AmBisome
tiveram incidência significativamente menor de reações infusionais que os pacientes
tratados com anfotericina B convencional ou complexo lipídico de anfotericina B.
Os dados agregados de estudos clínicos randomizados que compararam
AmBisome e anfotericina B convencional em mais de 1000 pacientes mostraram
que as reações adversas são bem menos graves e menos freqüentes em pacientes
tratados com AmBisome que com a anfotericina B convencional.
A maioria dos pacientes que recebe anfotericina B convencional intravenosa
apresenta algum grau de nefrotoxicidade. Em dois estudos duplos cegos, a
incidência de nefrotoxicidade em pacientes tratados com AmBisome (definida como
aumento da creatinina sérica maior do que 2,0 vezes a medida basal) foi
aproximadamente a metade da relatada para os tratados com anfotericina B
convencional ou com complexos lipídicos de anfotericina B.
As seguintes reações adversas foram atribuídas a AmBisome com base em dados
de estudos clínicos e experiência após introdução no mercado. A freqüência baseia-
se na análise de dados agregados de estudos clínicos incluindo 688 pacientes
tratados com AmBisome: a freqüência das reações adversas identificadas na
experiência após introdução no mercado não é conhecida. As reações adversas
estão listadas a seguir por classe de sistemas de órgãos do MEdDRA (dicionário
médico para atividades regulatórias) e separadas por freqüência.
As freqüências são definidas como:
Reação muito comum ocorre em mais de 10% dos pacientes que utilizam este
medicamento. (≥ 1/10)
Reação comum ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este
medicamento. (≥1/100 to < 1/10)
Reação incomum ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este
medicamento. (≥ 1/1.000 to < 1/100)
Desconhecida (não pode ser estimada a partir dos dados disponíveis)
Os efeitos indesejáveis observados em cada grupo foram os seguintes (ordem
decrescente de gravidade):
DOENÇAS DO SANGUE E DO SISTEMA LINFÁTICO
Incomum: Trombocitopenia
Desconhecida: Anemia
DOENÇAS DO SISTEMA IMUNITÁRIO
Incomum: Reação anafilactoide
Desconhecida: Reações anafiláticas, hipersensibilidade
DOENÇAS DO METABOLISMO E DA NUTRIÇÃO
Muito comum: Hipocalemia
Comum: Hiponatremia, hipocalcemia, hipomagnesemia, hiperglicemia
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO
Comum: Dor de cabeça
Incomum: Convulsão
CARDIOPATIAS
Comum: Taquicardia
Desconhecida: Parada cardíaca, arritmia
VASCULOPATIAS
Comum: Hipotensão, vasodilatação, rubor
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS, TORÁCICAS E DO MEDIASTINO
Comum: Dispneia
Incomum: Broncos pasmo
DOENÇAS GASTROINTESTINAIS
Muito comum: Náusea, vômito
Comum: Diarréia, dor abdominal
AFECÇÕES HEPATOBILIARES
Comum: Exames da função hepática com resultados anormais,
Hiperbilirrubinemia, fosfatase alcalina aumentada
AFECÇÕES DOS TECIDOS CUTÂNEOS E SUBCUTÂNEOS
Comum: Erupção cutânea
Desconhecida: Edema angioneurótico
AFECÇÕES MUSCULOSQUELÉTICAS E DOS TECIDOS CONJUNTIVOS
Comum: Dor na região dorsal
Desconhecida: Rabdomiólise (associada à hipocalemia), dor musculoesquelética
(descrita como artralgia ou dor óssea)
DOENÇAS RENAIS E URINÁRIAS
Comum: Creatinina aumentada, ureia no sangue aumentada
Desconhecida: Falência renal, insuficiência renal
PERTURBAÇÕES GERAIS E ALTERAÇÕES NO LOCAL DE ADMINISTRAÇÃO
Muito comum: Calafrio, pirexia
Comum: Dor torácica
Interferência em ensaios químicos do fósforo:
A dosagem de fosfato sérico em amostras de pacientes tratados com AmBisome
pelo ensaio PHOSm (p.ex., usado em analisadores Beckman Coulter, incluindo o
Synchron LX20) pode apresentar elevações falsas. Esse teste é usado para
determinar a quantidade de fósforo inorgânico em amostras de soro, plasma ou
urina de seres humanos.
Em casos de eventos adversos, notifique ao Sistema de Notificações em Vigilância
Sanitária - NOTIVISA, disponível em
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm ou a Vigilância Sanitária Estadual
ou Municipal.